mercredi, décembre 19, 2007

Caminhando e cantando e seguindo a canção.

O verão ligou avisando que está a poucos dias de chegar em nossa cidade. Ele vem quente, bem quente, prometendo dias de sol escaldante, algumas tempestades de fim de tarde, e um calor no coração que não é sentido faz tempo. Ele quer fazer jus ao nosso título de 'Rio 40 graus', e quem sabe, bater seus proprios recordes.
Enquanto isso, a primavera, com ar de despedida, arruma suas malas, vai fazer uma viagem ao hemisfério norte mas só deve chegar lá em alguns meses (é que ela vai de onibus convencional pelo continente, e se tiver que atravessar o oceano, o fará de canoa, pra economizar e chegar rica ao seu destino). Quem aproveitou sua estadia por aqui, com certeza só estava pensando no.. projeto verão! Injusto? Pobre primavera.. tão bonita, mas sempre menosprezada porque precede a estação dos brasileiros.
Muito condecendente com o caso da primavera, eu passei essa estação inteira só pensando nela, nas flores, na brisa, e esqueci do projeto verão. Esqueci mesmo. Meus amigos já não aguentam mais minhas promessas primaveris de que "no próximo verão vocês não vão nem me reconhecer, de tão boa que eu vou estar". Este próximo verão que nunca chega. Tomei sorvetes, bebi cervejas, comi besteiras à noite. E.. estou uma bela bolinha. Uma bela bolinha fora dos padrões que não poderia jamais caminhar por itaquatiara desfilando suas curvas.
Para amenizar, corro atrás do prejuizo. Literalmente. E que delícia é caminhar! Niterói tem uma orla tão extensa e tão gostosa, ainda que fedorenta, privilegiada com a vista pro Rio e com a tranquilidade da qualidade de vida que os índices nos dizem ter. Pego ali, desde o centro de Niterói, aonde tem as Barcas e o Caminho Niemayer, e vou até a estrada Fróes.
Tênis, short, camiseta, filtro solar, fone no ouvido e pronto. Saio caminhando e cantando pelo calçadão afora. Não sei se é o vento no rosto, a musica no ouvido, o sol ou a paisagem, não sei se sou eu fazendo charme para mim mesma, ou se é o pensamento que fica mais leve a cada passo dado, nessas horas que, por estar feliz, a gente se sente mais singelo e se perdoa quase tudo. O trajeto é o mesmo, mas todo dia me deparo com algo diferente, um rosto novo na rua, outras passadas que por mim passam velozes, outro jeito do mar bater nas pedras. As tardes pintadas a dedo me mostram um quadro que merece ser visto todos os dias. Hoje não pelo corpo, mas caminho pela mente. Alivio tensões, não ligo pro horário, e canto alto sem me importar com os ouvidos alheios.
Me despeço da primavera beijando seus ventos. E novos ventos sopram por aqui. Ventos que abrem o caminho pro verão chegar, aquecer o coração e, ainda que não possa desfilar por itaquatiara, avise-o que irei visita-lo todo santo dia. E irei a pé.

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