samedi, novembre 24, 2007

Por quês.

Acontece um pouquinho depois da criança aprender a formular frases inteiras. Ainda não há aquele "filtro" entre pensar e dizer, ainda há expontaniedade, ainda há inocência e ainda falta muita intimidade com o mundo. Tudo é novidade. Se quer conhecer, quer descobrir, quer entender. Ainda é folha em branco. É a fase dos "por quês". Pouco escapa ao olhar atento de uma criança e à sua imaginação fertil em pleno período de plantio. E tudo tem uma explicação. Tem que ter! E, claro, mamãe sabe tudo, ela é gente grande, sabe responder. Pouco depois, criança começa a formular seu proprio universo, e a dar explicações para suas proprias perguntas. Aprende coisas na escola. Fase de "por quês" passa.

Até hoje, a minha não passou. Tenho quase certeza que gente grande não sabe tudo. Gente grande não consegue responder nem metade dos meus "por quês" e me ponho a questionar ainda mais. Ai eu pesquiso, estudo, investigo, tento achar a resposta sozinha. Nunca acho. É tão complicado! Eu pergunto pra Deus, mas raramente consigo entender o que Ele tem a me dizer. Ele é misterioso, tem a resposta pra tudo, e ainda assim cisma em deixar que a achemos por conta própria. A sociedade também não explica nada. Ela impõe. Já era assim desde antes de você nascer, se encaixe no sistema, não questione. A resposta da sociedade é sempre "porque sim" ou "porque não, oras". Não sabe de nada, não é de nada. E se for assuntos do coração então, ixi! melhor se calar e engolir a seco sua pergunta.

Por que eu não sei de tudo? Por que a gente tem de agir conforme o scrip? Por que é tão dificil seguir as batidas o coração? Por que "ser feliz" nem sempre tem a ver com "ser e fazer o que você quiser ser e fazer"? Por que não consigo distinguir direito que é coisa da minha cabeça e o que é realidade? Por que alguém disse que o "certo" é certo e o "errado" é errado? Por que temos que classificar e nomear tudo e todos? Por que as pessoas são tão individualistas? Por que tudo que é gostoso engorda? Por que não dá pra viver de sonhos? Por que não dá pra viver de flores, nem de brisa, nem de poesia e musica todos os dias? Por que as coisas não são do jeito que eu quero? Por que a razão é tão burra? Por que a gente faz besteira? Quem disse o que é bom e o que é ruim? Por que o desamor? Pra que a intolerância? Por que não dá pra falar em silêncio, olhando nos olhos, com todas as pessoas do mundo? Por que tudo passa? Tem mesmo alguém que escreve a tal história da gente, o tal destino tá mesmo traçado? Por que mulher não pode fazer xixi em pé? Por que chuva não tem gosto? Por que não fazem logo a reforma agrária, tributária e política? Por que não separam Estados por fatores culturais, étnicos e religiosos, e resolvem logo o problema do Oriente Médio e da África? Contos de fadas existem? Quem disse que o dia tem vinte e quatro horas? Por que o profissional da educação e da arte não é valorizado do jeito que devia, já que todo mundo precisa deles ? Já inventaram tudo, eu posso inventar algo de inovador também? Por que minha cabeça não pára de pensar, nem por um minuto? Por que eu não consigo dormir? Por que não posso voar? Tem vida em outro planeta ou lugar no universo? Quem nasceu primeiro? Existe vida após a morte, vidas passadas, vidas futuras, inferno, céu, essas coisas? Por que eu não posso ter você, assim, do jeitinho que eu sonhei? Cadê a pessoa que sabe me responder?

É, ainda me falta muita intimidade com o mundo. Acabei de aprender a formular frases inteiras. Ainda sou folha em branco











Notas:
- quanto as respostas, quem as souber, que me mande um e-mail muito didático e bem explicadinho. Ainda tenho muito a aprender.

mercredi, novembre 14, 2007

"Sucesso com seus textos (se vc quiser isso)".

Tem um tempinho, recebi um comentário (da Danizinha) em um dos meus textos ("A Cara do Estado"). Eu adorei o comentário, tá descontraído, engraçado, me elogia (olha eu.. modéstia ZERO!), mas teve uma frase que me chamou muito a atenção: "Sucesso com seus textos (se vc quiser isso)".

Adoro quando comentam aqui no meu blog. Admito que morro de vergonha que leiam alguma coisa que eu escrevi (textículos inúteis como estes, trabalhos de faculdade, recadinhos, ou até numeros de telefones), ainda mais quando leem na minha frente, mas acho ótimo quando me dão a opinião pessoal, o ponto de vista, o elogio, a crítica, whatever. Ainda assim, morro de vergonha.

O mesmo acontece com meus docinhos. Me amarro em faze-los, os acho deliciosos, mas, por favor, não os comam na minha frente!!! Para me deixar constrangida, basta fazer isso! Qualquer psicólogo que se preze diria que isso é reflexo do medo que tenho da reprovação, e que sou louca. Eu diria que "é que eu fico sem jeito", só isso (E, talvez sim, eu seja louca). Depois de comer por trás, óbvio, fico muito feliz quando os elogiam (e compram mais um, claro!). E uma vez me disseram: "Você tem uma mão boa pra doces, hein, já pode até abrir uma confeitaria, se você quiser, que você vai fazer fortuna com eles".

Fazer fortuna tudo bem, esta é minha intenção, né, se não nem venderia doces na faculdade, que é uma pagação de mico do caralho. Mas nunca tinha pensado em seguir carreira com isso. Nem com os textos.

Sem querer diminuir os escritores ou os vendedores de doce, de maneira alguma. Ambos são mega necessários na vida de todo mundo (que saiba ler e que goste de doces), mas nunca foi o que eu quis pra mim, por falta de talento e dinheiro.

Aí lembrei de um trechinho da Rita Apoena (que até já postei aqui uma vez): "só escrevo porque escrever é o que eu sei fazer de melhor. (E olha que a minha maior paixão sempre foi a dança)". E é a mais pura verdade. Não que seja a coisa que "eu sei fazer de melhor", até porque, não sei o que eu sei fazer de melhor (na minha opinião, fazer nada é o que eu sei fazer de melhor, faço nada muito bem), mas nunca foi um objetivo. Escrevo porque gosto. Faço doces porque gosto também, e só os vendo porque sou uma desempregada quase falida. Se não os distribuiria de graça.

Na vida, o que não me faltou foi resposta para "O que você quer ser quando crescer?". Já quis um pouquinho de tudo! Quando eu era criança, eu também queria ser dançarina (de "cabaret", porque achava o nome lindo, e não sabia o que era), mas não levava o menor jeito pra coisa. Depois quis ser super-heroína, astrônoma, fotógrafa, artista de circo, apresentadora de tv, jogadora de baskete, bióloga marinha, detetive, caminhoneira, contadora de história pra crianças, integrante de banda, professora de história, fazendeira, professora de língua estrangeira, designer, jornalista, artista plástica e rica. Não nasci pra fazer nada disso.

Depois, eu ví que paixão não tem, obrigatoriamente, que ter a ver com talento. Com o trabalho de uma é que vem a outra. Amar o que faz x Fazer o que ama (se sustentando assim): são coisas bem diferentes. Bom é quando as duas se casam, aí você chega ao sucesso. Objetivo, talento e paixão juntos, seria perfeito. Meu objetivo é ser diplomata. Meu talento é o ócio. Minha paixão não é uma, são muitas, e escrever está, com certeza, entre as Top 10.

Escrever é teriapia, escrever é passatempo, escrever é treinamento de olhar, de atenção, de observação, é formação de opinião, é cultura, escrever é arte, escrever é exercício físico e mental, escrever é vício, escrever é tudo, menos um trabalho: escrever pra mim é prazer. Me deixa registrada, imortaliza minhas idéias. Me torna parte.

"Quando eu digo que a minha vida é escrever, é isso mesmo. Mas poderia ser varrer as ruas. Eu só escrevo porque escrever é o que eu sei fazer de melhor. (E olha que a minha maior paixão sempre foi a dança). Mas se fosse varrer as ruas, seria varrer as ruas, oras... E seria tão bonito quanto! Porque eu não quero (juro!) ser melhor do que a maioria. Eu quero oferecer o melhor de mim para o mundo. Isso é ser medíocre. Isso é estar entre todos. Eu sinto uma forte sensação de enlace, de unidade com as pessoas e o planeta. Eu não quero me sentir especial. É o contrário. Eu quero me sentir parte. É por isso que eu escrevo. Para ser medíocre. "¹










Notas:
- O trechinho (¹) é do texto da Rita Apoema "Meu objetivo na vida é ser medíocre"
http://momentoana.blogspot.com/2006/08/meu-objetivo-na-vida-ser-medocre_14.html . A menina é uma fofa, tem uma sensibilidade incrível, e sabe das coisas. Quero até saber se o livro dela já saiu. No seu blog http://ritaapoena.zip.net , adoro as metáforas, o "Jornal das Pequenas Coisas", e o "Dicionário Educado". Vale a pena ler e se sentir "fofinha" também.

- A Dani indicou um blog muuito engraçado! http://www.jesusmechicoteia.com.br Morro de rir toda vez que entro lá pra ler, seja texto novo ou antigo que eu ainda não tenha lido. "Cabelos de beterraba e o Blogueiro mercenário", "A Boina Voadora", entre outros.. Já virei leitora assídua.

- Realmente, eu queria ser dançarina de cabaret. Enchia a boca pra falar isso, dos 9 aos 12 anos de idade, e não entendia porque nego ficava rindo da minha cara. E, PORRA, demoraram esses anos todos pra me contar que quem dançava em cabaret era... era... (acho que você entendeu). Que amigos lindos eu tenho..

- Não sei se isso tem alguma coisa a ver, mas adoro essas propagandas da última campanha do Itaú Personalité e achei que ela cairia bem aqui.



- Momento Merchan:
Brigadeiros, Biscoitinhos caseiros, Palha Italiana: $1, e os Bombonzinhos saem só a $0,50. ;)))



mardi, novembre 13, 2007

Tia Marcela,

Estranho como a terra girou, nesses quase seis meses que você não está mais aqui entre nós, como se não sentisse sua falta. Nada impediu que o dia de hoje chegasse e nos pusesse a dúvida sobre o que sentir a respeito. Hoje é o primeiro 13 de novembro, o primeiro aniversário de vida que comemoramos sem você. Por isso, não sei ao certo se devemos celebra-lo ou não. Nem a chuva que caiu ontem o dia inteiro adiou o dia de hoje. Às vezes, quando presto atenção nas pessoas andando nas ruas, nos carros que passam, nas paisagens que você também costumava ver, vejo que tudo continua tão igual, que a sensação que eu tenho é que, neste próximo Natal, você vai abrir a porta lá de casa carregando sacolas de presentes e sua parte na ceia, cheia de sorrisos e de coisas pra contar, deste período que você fingiu que morreu, mas na verdade foi passar férias nas Ilhas Gregas, e vai acabar com esse sonho ruim que estamos vivendo.

Há tanta coisa que eu ainda quero te dizer... As falo a quem? Não é questão de falta de fé, mas não sei se você pode mesmo me ouvir. Deus anda te contando as coisas que falo a Ele? Sempre peço por você. Espero que sim.

Primeiro de tudo, gostaria de me disculpar pela minha ausência de tantas vezes, que você tanto reclamava. Devia ser coisa da idade, adolescente, sabe como é, né. Família sempre esteve em primeiro lugar na minha vida, mas eu achava que sempre haveria um dia de amanhã, ou que vocês são imortais, sei lá. Hoje eu entendo que, na verdade, não há, e que segundas chances muitas vezes não nos serão dadas. Se eu tivesse tido sensibilidade suficiente pra entender isso, não teria tido tantas faltas com você. Se eu soubesse que, naquele domingo que você foi lá em casa, seria a ultima vez que eu te veria cheia de vida, sorrindo, eu teria mandado você fazer pose praquela sua ultima foto (aquela que eu bati e que, cá entre nós, ficou bem esquisitinha), e talvez eu diria algo além de "Até amanhã, Gustavo", e teria te dado um abraço bem apertado, ao invés de apenas beijar sua barriga, se eu soubesse que não haveria amanhã. Não sou boa de despedidas, ainda mais quando se sabe que nunca mais voltariamos a nos ver, mas eu acho que teria dito que te amo. Não me lembro de ter te dito isso, e você não sabe o quanto me dói. Se eu dissesse que te amo um monte de vezes, talvez Deus não tivesse te levado com Ele. Mas eu te amo tanto, tia...

As cenas dos dias 28 e 29 de maio ainda estão fresquinhas na minha cabeça, mas não é essa a lembrança que eu quero ter. Quero lembrar da sua gargalhada que não cabia em você, quero lembrar das coisas que você me falava, como ter me recriminado por ser uma chorona, no dia do seu casamento, que eu estava mais nervosa e emocionada que você. Quero lembrar das suas idéias de programar viagens que não viriam a acontecer nunca (nem se você ainda estivesse viva! hauah), ou o jeito que você pedia (ou melhor, MANDAVA) eu fazer doces e sobremesas depois dos almoços de família na casa da vovó, ou o seu frequente grito "OBAAAAA.. VOU ROUBAR!!" quando eu chegava com alguma roupa nova em casa. A propósito, comprei uns vestidinhos que tenho certeza que você iria querer "roubar" emprestado.

Eu lembro direitinho da sua voz, como se tivesse falado com você a dois minutos. Penso em você todos os dias. E só lembro coisas boas. Mas teve uma vez que eu achei que tivesse esquecido seu rosto. Fiquei desesperada. Não quero esquecer nunca, nem que eu tenha que andar com uma foto sua na bolsa.

E tem tanta coisa que eu queria te contar... Sempre falei às minhas amigas que a primeira pessoa que eu contaria coisas como a primeira vez, e etc, seria pra você. Pena que não tive a oportunidade. E, ainda que o mundo tenha continuado o mesmo desde que você se foi, aconteceram muitas novidades. Eu estaria cheia de fofocas pra contar.

Pra começar, cortei o cabelo curtinho, você ia me matar se soubesse, mas até que ficou bonitinho. Não faço mais aquelas escovas malucas não, elas estragaram meu cabelo; Aaah.. BOTEI APARELHO! To parecendo uma menina de ensino fundamental! E troco a cor da borrachinha por uma mais chamativa que a outra, a atual é verde-cor-da-minha-escova-de-dentes (pra combinar), mas ja botei amarelo, rosa, roxo...; Outra coisa, você ia me achar gorda. E to mesmo! hauhauah.. Mas parei de roer unha, fiquei mais vaidosa, e to me sentindo cada vez melhor; As faculdades vão indo... O Bennett vai relativamente bem, e a UERJ vai é indo de jegue. Ela ja pegou fogo, entrou em manutenção, ficou sem luz, houve passeatas, etc, só nesses 6 meses!; Quanto aos homens, continuo na mesma. Mas cheguei a "namorar" durante quatro dias! hauaha.. um recorde! Acho que vou morrer solteira, do jeito que você dizia que eu ia; As tendências primavera/verão estão mega coloridas, você ia adorar, e ia descobrir lugares baratos pra gente ir comprar roupa; O nosso Fluminense foi campeão da Copa do Brasil e já estamos na Libertadores do ano que vem. Mas você ia ficar decepcionada com seu filho Gui, que virou a casaca, deixou de vez de ser vascaíno pra ser flamenguista, tio Ronaldo tá puto!; Por falar nele, ele tá tentando retomar a vida, mas tá foda. Tá foda pra todo mundo (Mas não precisa se preocupar não, daqui a pouco a gente consegue); Eles saíram lá de onde que vocês moravam, compraram uma casa muito legal que você ia AMAR, em São Gonçalo, na vila da tia Bel, com moh espação em cima, pra churrascos e festinhas. Acho que o Natal deste ano deve ser lá; Gui tá cheio de namorada. Uma na vila, uma na escola, uma em não-sei-aonde. Levei ele ao circo, e ele adorou! A gente agora, finalmente, depois de sete anos sendo maltratada por ele, tá se dando bem! Ele só continua comendo mal pra caralho; E Gustavo.. ah, tia.. você ia amar estar vendo ele crescer, cuidando dele.. nunca vi criança mais linda e mais gostosa de lidar. Ele só sabe rir! Tem um sorrisão espalhafatoso igual o seu, deve ter puxado de você. Ele é careca e adora meu pai, fica tão bem no colo da minha mãe, e só chora comigo, porque eu sou uma desengonçada com bebês. No geral, ele é perfeito! Esperto e durinho.. já faz até barulhinho com a boca, e cocô fedorento; Lá em casa, Mamãe não desistiu e tá, finalmente, terminando o mestrado, André não vai passar no vestibular (tenho certeza!), e papai.. Tá na mesma!; O Brasil vai sediar a copa de 2014 (porque era o único candidato), foi campeão na Copa do Mundo de Beach Soccer, no Mundial de voley, e ficou em terceiro lugar no Pan; Não votaram ainda a CPMF, e a Beyoncé usa enchimento na bunda; O tempo ficou maluco, acho que é o aquecimento global; O túnel rebolças caiu; fizeram um filme brasileiro ótimo que você ia adorar, Tropa de Elite, com o Wagner Moura; Paraíso Tropical já acabou, o Olavo morreu e a Bebel virou mulher de deputado corrúpto de cueca manera.

Hoje seria um dia bom pra te contar tudo isso e muito mais. Hoje você faria 35 anos. Hoje ia ter bolinho na sua casa. Hoje todo mundo ia estar muito feliz. Acredita que um monte de gente, que não sabe do que aconteceu com você, te deixou parabéns no orkut??? hahauha.. parece piada, né! Queria que seu perfil fosse deletado, ia ser melhor, sabe, mas não sabemos sua senha.. aí não dá. Ou seja, nos proximos anos, ainda te mandarão parabéns pelo orkut. E a gente, o que faz? Comemora? Chora? Vai ao cemitério? Celebrar aniversário da morte de alguém que morreu é bem mais fácil que comemorar o aniversário de vida de alguem que não vive mais.

Meu desejo hoje, do fundo do coração, era poder cantar parabéns pra você, enfatizando com toda força que ainda tenho, o "muitos anos de vida", pra que você pudesse passar mais um século aqui com a gente. Era saber que você ainda vai abrir a porta lá de casa um dia, com fome de doces e muitos sorrisos, quando você voltar das suas férias nas Ilhas Gregas. Era fazer a dor de todo mundo passar, inclusive a minha. Era ter uma ultima oportunidade de voltar atrás e poder te dizer tudo que nunca disse. Era fazer o mundo inteiro parar de fingir que não sente a sua falta, e manda-lo girar pra trás, para que a gente não sinta mais a sua (porque você estaria aqui).

Mas não dá.
Aí as saudades são eternas..

Se, aonde quer que você esteja (seja no céu ou nas Ilhas Gregas) tiver internet - espero que sim, né - leia com muito carinho essa cartinha em forma de oração, pois é o único presente que agora posso te oferecer. E olhe sempre por nós, porque amaremos sempre você.

Beijos, da sua sobrinha mais "rebelde" que te ama muito,
Ana Paula.
Você é viva em mim.















ps: Eu boto "amém" no final??

jeudi, novembre 08, 2007

Com a bola toda.

É incrível o poder da auto-estima. Quando ela tá lá em cima, não tem pra ninguém: você é O(A) cara! Não há Brad Pitt ou Angelina Jolie que te supere. E quando ela está no dedão do pé... você é o pior dos seres humanos, consegue estar abaixo da linha da pobreza de espírito mais pobre que a dos meninos da Etiópia.

Há auto-estima em tudo na vida, isso é obvio. Até no setor financeiro que, mesmo se estiver na merda, pode ser facilmente resolvida, com um pouquinho de criatividade. Mas a criatividade só vem se.. a auto-estima te deixar ousar.

As mulheres que o digam (sou mulher, sei bem disso)! Nos dias poderosos do mês (que não são todos, por causa da maldita tpm), um esmalte vermelho, os pés no salto alto, escovão no cabelo, maquiagem e dress to kill, criam toda uma legião de homens babões por onde a gente passa. Esnoba-los então? Noooossa.. NADA melhor do que se sentir a mais gelada coca-cola do deserto de vez enquando! E esses dias nos são MEGA necessários, pra nos lembrar que estamos vivas - e podendo, pelo único fato de sermos mulheres - apesar de tudo. Agora, nos dias fossa (graças a maldita tpm, ou aos malditos homens na maioria das vezes), o que a gente mais quer é uma panela inteira de brigadeiro, e um clássico pró-depressão como "O Diário de Brigit Jones" por exemplo. Até curtir a fossa - quando bem aproveitada - é bom pra caramba. Tudo isso graças a oscilação da tal auto-estima.

Nunca fui uma garota de fazer virar pescoços masculinos, como a Juliana Paes. Muito pelo contrário. Baixinha, gordinha, nem sempre simpática (o que faz a auto-estima nem sempre estar no lugar certo), já passei poucas e boas nas mãos dela. São horas e horas insatisfeita com o espelho (ou seja, comigo mesma, pois o espelho nada mais é do que o meu reflexo) antes de sair de casa, mesmo pra ir pra faculdade. A pilha de roupas em cima da cama, o choro que "nada em mim fica bom", ou "to tãããão gorda", ou "meu cabelo é uma merda", e etc etc etc, já até cheguei ao ponto de falar para o meu pai comprar um espelho novo porque aquele estava com defeito. Ele sempre ri da minha cara quando isso acontece, e diz que "quando estamos insatisfeito com nós mesmos, nada fica bom". E, detesto ter que adimitir, mas ele tem toda razão. Até porque, quando minha auto estima tá nas alturas, eu invento roupas, invento moda, ouso qualquer coisa nova - e quase sempre é um sucesso.

Quando eu estava pra por o aparelho (nos dentes, sabe?) meu maior medo era a auto-estima sair correndo. Mas, contra isso, hoje mais do que nunca faço questão de passar em frente a obras, ou caminhoneiros: quanto mais fiu-fiu's eu ouço, mesmo de aparelho, melhor eu fico. Esse teste do peão e do operário é o melhor que há! O dia que você passar por eles e eles não mexerem com você, volte pra casa, amiga, pois alguma coisa de errado aí tem. Até agora, dois meses com o aparelho, minha tática vem dando certo. "Patinha feia hoje, Cisne daqui a dois anos".

A minha auto-estima financeira venho resolvendo aos poucos. Como não tenho tempo pra trabalhar, por causa das duas faculdades, comecei a vender a única coisa que uma gordinha que se prese sabe fazer bem gostoso: DOCES! Tudo, modéstia à parte, delicioso, e a preço de banana: 1 real! A variedade é ótima também, brigadeiros (branco, preto, branco e preto, e com pedacinhos de morango - castanhas a gosto do freguês), biscoitinhos e bombons. Não dá ÓÓÓ NOSSA O dinheiro, mas uns trocadinhos pro final de semana pelo menos eu tenho. Aos poucos, a auto-estima financeira vai ficando relativamente boa.

Mas não há exemplo melhor sobre a auto-estima do que os jogadores de futebol. Eles sim, são as maiores vítimas do incrível poder dela. Vide o exemplo do Botafogo: indiscutivelmente, o melhor time carioca que começou o ano. Podem vir os vascaínos, flamenguistas, tricolores, falar o que quiser, mas eles eram os melhores! O jogo emocionava! Era lindo ver o time jogando unido em campo, os gols de Dodô, a alegria do Cuca, aquela musiquinha da torcida, e tudo mais. O time estava com a bola toda! Mesmo perdendo o Estadual, mesmo não indo pra final da Copa do Brasil (graças a minha querida xará, Ana Paula, a bandeirinha mais bonita do mundo e, diga-se de passagem, sou realista ao ponto de afirmar que, se não fosse por ela, meu flusão não teria ganho a Copa do Brasil, e a gente não estaria respirando aliviado do jeito que estamos por já estar na Libertadores), mesmo com tudo de ruim que aconteceu, o time começou o brasileirão jogando bonito, esteve entre os primeiros (em primeiro até, se não me engano), até que... PLOFT! conseguiram fazer a auto-estima dos jogadores irem parar no chinelo (ou melhor, na chuteira).

Foi aquela invenção de dopping do Dodô? Foi olho grande?? Sei lá, não importa.. o fato é que, com a auto-estima baixa, o Botafogo não ganhava NADA! Nada mesmo, coitados.. era triste ver elezinhos indo embora do campo com mais uma derrota, dizendo "fazer o que, né?", os gols que não entravam, os juizes que "erravam", tudo conspirava contra eles. Culpa de quem????? Da tal auto-estima.

Minha vontade, de vez enquando, era entrar no vestiário deles - eu a do ra ri a, ui! - e tentar levantar-lhes a moral, sei lá, dar qualquer tipo de contribuição, nem que fosse um banho de arruda ou de pipoca pra melhorar a situação. Não o fiz, primeiro porque não sou botafoguense, porque não sei dar banho de arruda, e principalmente porque adoro cantar aquela musiquinha "NÃO GANHA NADA/ TIME DE CUZÃO/ FICA AI CHORANDO/ QUE ANO QUE VEM/ EU VOU PRO JAPÃO!!!". Se não, eu teria feito. Teria colocado a auto-estima deles no lugar onde devia estar. E eles teriam sido campeões do Campeonato Brasileiro ao invés do São Paulo.

Pelo menos, a umas rodadas atrás, eles se recuperaram, e fiquei feliz por eles. É bom que o Dodô volte a sorrir, para que deixe logo aquele time.

Mais uma prova que auto-estima TEM PODER!! E o dia que a sua estiver ruim, fale comigo, que eu consigo levanta-la num piscar de olhos! Nunca menosprese o que a sua auto-estima pode fazer por/de/com você, seja você homem, mulher, ou jogador de futebol. Lembre-se sempre: A Aninha (e os pedreiros) estão aí pra isso!

E uma ultima consideração: GRAÇAS A DEUS SOU TRICOLOR!















Notas:
- Ano que vem Dodô é nosso!!!! \o/