lundi, septembre 01, 2008

Não era amor.

Eu sei quando eu to apaixonada. É facil saber.

Os sintomas eram até parecidos, e era tão fácil confundir quanto quando se confunde um simples resfriado com uma gripe de te deixar dias de cama. Você só tem certeza depois que passa. Mas até passar, você já tentou remediar com todos os medicamentos que haviam dentro da gaveta.

Depois você vê, "meu Deus, que bobagem!"


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Não era amor, não era paixão, também não era uma vontadezinha leviana. Mas que mania maluca a nossa, de querer classificar tudo que existe!

Você não sabe o que é, você só sabe que é forte. Você não sabe o por quê, nem como, só sabe que é. E não tem que ser, apenas é. E é bom. Não precisa ser, mas faz bem. Não tem futuro. Nem passado. É hoje, aqui, agora. Não interessa. Você finge que não é nada, mas sabe que é. Você vive bem sem, mas vive melhor com.

É líquido, flutuante, confortável, e está em constante movimento, como agua do mar ou da cachoeira. Às vezes calmaria, às vezes ressaca ou tromba d'água. É a corrente que te leva, e você que se deixa levar.

Não é chão nem porto seguro, mas quem precisa disso quando já se está segura?

Parece errado. Mas no fundo, no fundo, você tem uma certeza absurda de que é certo.

Não, não era paixão, nem amor. Era melhor.



"Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo.

Eu bati a 200 km por hora e estou voltando á pé pra casa, avariada.

Eu sei, não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos.

Talvez este seja o ponto. Talvez eu não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu pátio, do meu quarto, das minhas bonecas.

Onde é que eu estava com a cabeça, de acreditar em contos de fada, de achar que a gente muda o que sente, e que bastaria apertar um botão que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória, sem seqüelas, sem registro de ocorrência?

Eu não amei aquele cara. Eu tenho certeza que não.

Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada.

Não era amor,era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, eram dois travesseiros. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo.

Não era amor. Era melhor".

(é da Martha Medeiros. Só podia ser.)