mardi, juillet 31, 2007

Insônia

Voltei a dormir mal.
Voltei a gastar minhas madrugadas na internet esperando as tais coisas fabulosas (que nunca acontecem) acontecerem. Continuam não acontecendo. Pouco me importo. Pelo menos voltei a escrever. Voltei a gostar do fundo branco-sem-linhas do bloco de notas e continuo escrevendo pensamentos inúteis que ninguém - a não ser eu - lê. Pouco me importo também.
Por falar em insônia, lí esses dias um texto da Fernanda alguma-coisa sobre o sono, é sensacional e me apaixonei por ele (quando tiver paciencia o ponho aqui).
Descobri que ainda tenho a capacidade de me apaixonar pelo simples e pelo teoricamente banal. Isso é muito bom, ainda poder me apaixonar. Pessoas desapaixonantes são desinteressantes e nada surpreendente.
Parei de roer unha. Me surpreendí comigo mesma quando ví que era capaz. Elas continuam pequenas e vivem descascadas, mas pouco me importo. Pra mim, estão verdadeiras garras de gato, verdadeiras unhas de zé do caixão.
Continuo fazendo minhas caretas no espelho e descobrí que sou boa nisso. Antes de não-dormir à noite, passo horas adimirando essa minha incrível capacidade, geralmente antes e depois de escovar os dentes. Sou realmente muito boa nisso. Continuo a me surpreender comigo mesma a cada dia que passa.
Passo o dia inteiramente minha, confabulando com a minha cabecinha inquieta, e se eu tivesse um notebook (vovó, esteja lendo isso!) já teria escrito um livro. Ou quem sabe dois. Se eu fosse realmente inteligente (e rica) faria uma maquininha que registrasse os pensamentos clara e organizadamente. depois, montaria tudo e venderia meus provaveis best-sellers. Ou goiabada em potes. Descobri que sou apaixonada por goiabada em potes, estou surpresa! São tão docinhas e desmancham tão fácil na boca, além de ser a alma gêmea e a cara-metade do queijo minas. Goiabadas são simples, versáteis, e banais.. nada mais, nada menos do que sensacionais! Adoro Goiabada em potes.
Veja só... comecei falando de madrugada e termino falando de goiabada. Além de rimar, levaria um ZERO bem redondo se escrevesse uma redação assim.
Ainda bem que isso aqui só é arte, e nada mais. Literatura não-necessariamente tem que seguir regras ou ter de fato algum objetivo.

Será que eu fiquei maluca???
Não. É só a insônia...

vendredi, juillet 13, 2007

"E quem tem pudor quando ama?"

me fiz essa pergunta como quem se perguntasse as horas. A ouvi e, silenciosamente, achei que me caia bem como uma luva. Mas não contei.

"E quem tem pudor quando ama"? Levantei-me da mesa como se fugisse dessa frase. É Nelson Rodrigues, em "A Vida Como Ela É", um diálogo entre duas irmãs: uma santa, e a outra finge que é. A que finge, rouba o namorado da outra, então ocorre o dialogo entre as duas.

"E quem tem pudor quando ama"? Acendi a luz do banheiro, sem nem mesmo precisar procura-la. Já sabia onde estava. E a pergunta martelava na minha cabeça, como se quisesse me dizer alguma coisa. Foi aí que entendi. Essa pergunta não era uma pergunta. Voltei pra mesa em 2 minutos que solucionaram enfim as questoes que, fazia tempos, estavam sem respostas.

"E quem tem pudor quando ama"? Desculpe-me, eu não tenho. Chame a falta de pudor do que quiser: falta de vergonha na cara, falta de amor proprio, loucura, idiotice. Neste caso, chamo de paixão. E olha que paixão e pudor são duas coisas que não tem nada a ver. Água e óleo. Não se misturam. Paixão e razão não moram na mesma casa. Paixão te rasga a roupa enquanto a razão cata os pedaços no chão. Paixão te entrega num suspiro profundo e ardente, enquanto a razão te pede para acalmar. Paixão faz você fechar os olhos bem forte e deixar os sentidos guiarem seu atos enquanto a razão.. a razão foi embora. Paixão faz você perder os sentidos e perder a razão.

"E quem tem pudor quando ama"? Finalmente, estou perdoada.