lundi, mars 09, 2009

De mudança.

E eu não iria embora sem me despedir. Foram tantas tardes e noites enchendo de letras esse espacinho em branco, nesses quatro anos, que a gente acaba criando uma afeição como a um objeto querido, ao livro querido, às coisas vividas que não se quer esquecer.

Eu me li, texto por texto, nesses quatro anos que me expus peladinha aqui para quem quisesse ver, e não dá pra dizer que é a mesma Ana Paula que escreveu o primeiro e o último texto. Que bom. A Ana de hoje não cabe mais direito nessa casa, então estou mudando de endereço:

http://www.anamartiiins.wordpress.com/

Quem quiser me visitar, pode chegar como quem não quer nada. Sempre gostei de visitas e casa cheia. E vou guardar esse endereço aqui como guardei meu primeiro diário e meu primeiro sutiã, como boas recordações daquela época que eu escrevia no meu primeiro blog. Com carinho, sem nostalgia. Vou voltar pra ve-lo sempre que tiver saudade.

Mas, como meu primeiro sutiã, aqui já não me cabe mais.

mardi, mars 03, 2009

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MAIS UMA VEZ

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É a única coisa que ainda consigo escrever.

samedi, février 14, 2009

Já posso ver lá longe, no horizonte, seus estandartes chegando. Imponentes, coloridos, vivos. Já posso ouvir a batucada, já quase não podendo mais distinguir o que é tambor e o que é meu coração. Já posso ver as pessoas ao redor sorrindo, esperançosas, ansiosas. Até ouço risos lá debaixo. Já posso até sentir a energia emanada por essa louca cinestesia. Mal posso esperar.

É um exército aquilo que vem? É um arrastão? E o que é isso que eu estou sentindo?
São só os 7 dias que antecedem o carnaval.

lundi, janvier 26, 2009

"(...) É engraçado onde vai parar o pensamento quando a gente fica muito feliz e não sabe direito o que fazer dessa felicidade, fica besta e belo e carrega um vulcão que, outrora adormecido, começa a espreguiçar-se, ainda sonolento, me fazendo tremerem as mãos e esbaterem-se os joelhos.

Minhas tremedeiras me fazem cócegas.

Meu pensamento anda se dividindo em cenas, depois em frames e você me esganaria se pudesse conectar um plug no meu ouvido e extrair dos meus miolos as imagens que eu registrei. Ah, sim, você teria um belo filme. Devia existir uma maquina que roubasse as imagens do cérebro - roubasse não, copiasse. Devia existir também a que apagasse (...). Eu acho que você dirigiria um filme bonito com minhas memórias, onde eu seria a Ana que seu olho vê, apesar de que, eu sei que a Ana que seu olho vê perdeu muito da delicadeza nas minhas teimosias.

(...) Ia ter um sol cor d'ouro, tulipas vermelhas e arbustos amarelos, donde coelhos de orelhas longas saem pra me cumprimentar religiosamente todos os dias. (...) Teria o portão que leva ao farol, gate closed at dusk, a garagem e os carros a venda. O extenso gramado ainda queimado pelas neves invernais, a praia de pedras, os cães e suas bolas e donas de muita idade, o homem de terno soltando uma pipa cor de rosa em forma de tubarão voador. O homem de shorts muito curtos que corre todos os dias no mesmo horário que eu. A Ms. Mc'Algumacoisa, que me saúda da varanda em seu robe azul claro com sua canequinha de girassóis. O Caravan Park nas centenas de traillers coloridos e homens lavando seus carros e backpackers e curiosos.

Ia ter as ovelhinhas e suas mães me encarando pela cerca e fazendo barulho, os golfistas jovens fazendo charme usando tacos como bengalas de pernas cruzadas não sei bem se flertando ou esperando a próxima jogada. E haveria - como não haver? - o farol reluzindo a luz nórdica, imponente, fálico. E, com alguma sorte, uma foca preguiçosa se revirando ao sol numa pedra a meio mar.

Então haveria eu. Eu inclinada diante da pequena fonte, eu bebendo água como quem beija um beijo úmido e bom. Eu, meio Pipin e meio Stella, fazendo charme para os golfistas. Para os velhos, os jovens. Para os colegas trabalhando no bar da Halfway House. Eu fazendo charme para mim nessas horas que por estar feliz a gente se sente mais singelo e se perdoa quase tudo.

Eu caminhando, minha sombra alongada desdobrando-se pela estradinha de asfalto rústico, pela areia, pela brita. A silhueta afinada de uma mulher de sonhos simples buscando a necessária leveza para na hora que o vento - seja o que leva ou o que traz de volta - soprar, não haja que se fazer nem mesmo o mínimo esforço para se deixar levar.

Decolar.

Saudade,
Ana"


( Carta de Ana - uma outra Ana longe e com saudade, e bem feliz -, em http://caixadesapatos.blogspot.com )

lundi, septembre 01, 2008

Não era amor.

Eu sei quando eu to apaixonada. É facil saber.

Os sintomas eram até parecidos, e era tão fácil confundir quanto quando se confunde um simples resfriado com uma gripe de te deixar dias de cama. Você só tem certeza depois que passa. Mas até passar, você já tentou remediar com todos os medicamentos que haviam dentro da gaveta.

Depois você vê, "meu Deus, que bobagem!"


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Não era amor, não era paixão, também não era uma vontadezinha leviana. Mas que mania maluca a nossa, de querer classificar tudo que existe!

Você não sabe o que é, você só sabe que é forte. Você não sabe o por quê, nem como, só sabe que é. E não tem que ser, apenas é. E é bom. Não precisa ser, mas faz bem. Não tem futuro. Nem passado. É hoje, aqui, agora. Não interessa. Você finge que não é nada, mas sabe que é. Você vive bem sem, mas vive melhor com.

É líquido, flutuante, confortável, e está em constante movimento, como agua do mar ou da cachoeira. Às vezes calmaria, às vezes ressaca ou tromba d'água. É a corrente que te leva, e você que se deixa levar.

Não é chão nem porto seguro, mas quem precisa disso quando já se está segura?

Parece errado. Mas no fundo, no fundo, você tem uma certeza absurda de que é certo.

Não, não era paixão, nem amor. Era melhor.



"Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo.

Eu bati a 200 km por hora e estou voltando á pé pra casa, avariada.

Eu sei, não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos.

Talvez este seja o ponto. Talvez eu não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu pátio, do meu quarto, das minhas bonecas.

Onde é que eu estava com a cabeça, de acreditar em contos de fada, de achar que a gente muda o que sente, e que bastaria apertar um botão que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória, sem seqüelas, sem registro de ocorrência?

Eu não amei aquele cara. Eu tenho certeza que não.

Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada.

Não era amor,era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, eram dois travesseiros. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo.

Não era amor. Era melhor".

(é da Martha Medeiros. Só podia ser.)